TRONO EM VIDA
A Edilza merece um trono em vida porque o que essa mulher fez... Eu não sei se vocês sabem destes detalhes, até porque são muitas coisas que a gente passa sem guardar na memória, ela vestiu do meu pai à Elvira, que é a última. Ela vestia todos nós. E não só isso. Ela alfabetizou todos os irmãos.
Quando eu fui para a Escola da dona Edite, ali no Putiú, já estava alfabetizado. Já entrei no 1º ano. Dali saí para o Grupo Escolar Monsenhor Manuel Cândido, lá perto da Matriz, para fazer o 4º ano. Lembro-me de um detalhe: quando eu estava concluindo o primário, vi a chegada de um menino, um garoto admirado por todos e danado (para usar a linguagem daquele tempo). Era o Boneco (o Francisco Arino Lino Bastos, recentemente falecido).
Voltemos à minha irmã. Quando o meu pai inventou de dizer assim: “Eu quero que você faça um paletó pra mim”, sem que ela tenha entrado numa escola de aprendiz para saber como seriam os detalhes... mas ela tinha que fazer.
Tinha que fazer porque ele sentia orgulho da filha que era costureira, só que a Edilza não tinha noção do que era fazer um paletó. Para o meu pai, o fato de a filha ser costureira bastava para fazer um paletó. E ela fez. Ela fez.
Amigos, eu digo sempre que a nossa irmã é tudo pra nós.
A Edilza é uma gigante.
E eu sinto orgulho de tê-la como minha irmã.
(Homenagem de mérito na passagem dos 95 anos dessa mulher forte, guerreira, trabalhadora, artífice, autodidata, resiliente).
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Vicente Pinto - um genuíno putiuense de Baturité