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COISAS QUE ACONTECEM


MISSÃO CUMPRIDA


No cotidiano das nossas vidas, coisas muito engraçadas também aconteciam... e ainda acontecem.

Agora imaginem nos idos tempos de uma estação ferroviária de bom movimento, com trens de passageiros vindo e indo e uma turma de jovens que adoravam apreciar todo aquele rebuliço.

Assim era a do Putiú. Bons tempos! 

Vou lhes contar um fato acontecido comigo.

Ocorria, naquela época, uma intrigante atitude dos passageiros. (Segundo áudio do Beto, ele sabe o porquê). Quando o trem partia, eles arremessavam bagos de laranja, cascas e caroços de manga contra quem estivesse na calçada da estação. Não queriam nem saber quem atingiriam.

Um camarada, até bem-vestido, camisa de cor branca, jogou um bago de laranja na minha direção... consegui desviar-me a tempo.

O trem avançou apenas alguns metros, o suficiente para posicionar o vagão-restaurante em condição de, a partir de hidrante instalado ali nas proximidades do galpão ferroviário, abastecer o respectivo reservatório d’água.

Surpreso com a inesperada parada, o homem postou-se na plataforma de acesso ao vagão, certamente interessado em me ver e preocupado com alguma provável reação minha. Só que eu o vi primeiro.

Então, juntei-me a um amigo – ora não me recordo de quem era –, apanhamos do chão alguns bagos naturalmente sujos, atravessamos apressadamente os trilhos e caminhamos lentamente pela lateral oposta do comboio (mais parecendo artistas de faroeste em perseguição a bandido em fuga) até atingirmos a plataforma em que ele ainda se encontrava em observação (ele para o lado da pracinha; nós para o lado da casa do agente).

Subimos na plataforma sem fazer barulho. Ele se mantinha de costas para nós. Silêncio e calma.

Quando o trem começou a novamente movimentar-se, chamamos a atenção dele:

– Ei!

O homem virou-se com cara de espanto; e nós “cobrimos ele com bagos de laranja sujos”, sem lhe dar chance de defesa.

Sem poder saltar para fora com o trem em movimento, sob o risco de perder a viagem e até de machucar-se, e sem poder entrar no vagão porque o impedíamos disso fazer, ele se viu em completo desespero, com a frente da camisa branca toda suja.

Nós, como se gatos fôssemos, saltamos do trem antes que ele alcançasse a normal velocidade.

Então, satisfeitos com a missão cumprida, soltamos gostosas gargalhadas.

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