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COLUNA DO PUTIU


DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Através destes dois poemas da minha lavra, celebro as mulheres – de todas as idades, de todos os tempos, todas as classes sociais, crenças, raças, cores e amores – que, de alguma forma, entrelaçaram ou entrelaçam as suas narrativas de vida com a rica história do nosso velho e querido Putiú.

Ora eu as alço aos pedestais das divindades e deidades feminis, para reverenciá-las e parabenizá-las.    


NÃO FOSSE ELA, 

O QUE DE MIM SERIA?!


Em sua vida, é que eu existo...

Fora dela, só sei que nada sou!


Em sua beleza d’alma, eu me embeveço

Em sua inabalável fé, me fortaleço

Em suas preces, é que me converto

Do seu rosário, satisfaço-me em ser o terço

E acompanhá-la nos seus rogos contritos

E também nos seus louvores benditos

Em sua perseverança, eu cresço

Em sua simplicidade, me enobreço

Em sua dignidade, me reconheço

Em sua honestidade, me robusteço

Em suas timidezes, ponho-me adstrito

E os seus exemplos, sigo-os convicto

Em seu silêncio, eu me aconchego  

Em seus sorrisos, me enterneço

Em suas lágrimas, me compadeço

Em suas dores, [embora reaja] me fragilizo

Em suas disposições, me engrandeço

Em suas convicções, me estabilizo

Em suas verdades, me ressignifico 

Em suas vitórias, me regozijo

Em seus perdões, o nosso recomeço

Em seu amor, o meu sempre reabasteço

Em seu regaço, de mim esqueço... adormeço


Se presente, seu brilho me contagia, me exalta

Se ausente, faz-me uma falta!!!



ARRANJO FLORAL


Ó Senhor! Imploro-vos, nest’hora, o vosso enternecimento, a piedade!

Confesso que tudo o que aqui disser reveste-se da mais pura verdade!

Pois nos meus versos nada se contém de injúria, agravo ou leviandade.


Anuo à prazerosa unção de gotas das suas essências de boa feitiçaria,

Algo muito especial, mítico, que algum tipo de atração em mim exercia:


A negritude indescritível, além dos lábios carnudos da reservada Edira;

Os encantadores olhos verdes e os longos cabelos castanhos da Ednilza;

A temperança, além da generosidade e disponibilidade da mana Eliane;

Os rostos bem delineados, pele suave, tanto da Graça quanto da Elizete;

A voz macia, líquida e maviosa – Ai, Mouraria! – da querençosa Erbênia;

As pernas e coxas roliças, torneadas e sensuais da bela morena Erivan;

A simplicidade, o desprendimento e a gentileza da senhorinha Etelvina; 

O jeito irrequieto, assustadiço e engenhoso da sempre menina Helena;

O contraponto – modéstia e exuberância – nas irmãs Fátima e Lúcia H.; 

A voluptuosidade esparramada em corpo escultural da singela Lúcia P.;

O olhar de nada faltar e o sorrir de nunca vir da Fatinha e da Lurdinha;

A espirituosidade graciosa, às vezes impertinente, da buliçosa Mariete;

A transcendência, a receptividade e a resiliência da recatada Marlene; 

A compenetração e a serenidade e a sabedoria da professora Regina;

O vulcão de erupção contida, mas disfarçada na graciosidade da Tetê;

A postura, a desenvoltura e a elegância do esbelto corpo da Wildima. 

Os sorrisos, olhares, meneios e trejeitos, bem peculiares em todas elas.


Já com Marileide, a cotidiana e eterna parceria...

Apaixonei-me e com ela casei-me porque reunia

Porções de cada uma dessas atrativas qualidades.

Confesso, Senhor, tratar-se da mais pura verdade.

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 Luciano Moreira, baturiteense, ex-professor cenecista, servidor público federal aposentado e graduado em Letras – Português e Literaturas Brasileira e Portuguesa pela Universidade Federal do Ceará.

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