NÃO SOMOS SÓ MATERIA
Caríssimos conterrâneos, a convite do putiuense Luiz Carlos, meu mano querido, participo com muita honra e prazer, do site putiu.com.br na busca de trazer informativos jurídicos, reflexões teológicas sem pieguices como o combinado.
A nossa coluna então ficará dividida entre dois temas em consonância com minhas áreas de formação, quais sejam: área Jurídica e área Teológica alternadamente. Dito isso, gostaria de acrescentar que a nossa abordagem tanto jurídica como teológica será num formato simples, objetivo e singelo, sem juridiquês na área jurídica e sem linguagem piegas na área teológica, respeitando a todos e todos os credos e crenças. Após os devidos esclarecimentos vamos a nossa reflexão teológica, cuja temática será o mistério do sentido da vida.
Iniciaremos com a seguinte reflexão: NÃO SOMOS SÓ MATÉRIA! Como nos relacionamos uns com os outros em cima desse planeta chamado Terra?
Vejamos o que diz o pensamento de um brilhante cientista cético, conhecido internacionalmente Carl Edward Sagan, astrônomo americano do século 20, onde ele dizia que: “A ciência não é apenas compatível com a espiritualidade. É uma fonte profunda de espiritualidade”.
Partindo da primazia de que o corpo é a parte física, a alma é a parte imortal e responsável pelas experiências e aprendizados, e o espírito é a essência Divina que anima o ser humano, diante dessa primícia, podemos afirmar que somos seres humanos espirituais e sociais, que necessitamos olhar para o Alto e para o nosso lado, conscientes de que também necessitamos uns dos outros para vivermos e sobrevivermos neste plano terreno.
Entretanto, em nosso cotidiano sentimos por vezes, e em algumas circunstâncias do nosso viver, dificuldades em nos relacionar com o nosso próximo, seja no trabalho, na família, nos grupos que participamos virtual ou presencialmente, nas ruas, por onde andamos, estejamos etc. Por vezes nos damos conta das nossas intolerâncias, preconceitos, falta de humildade e compaixão para com o outro; sem atentarmos que somos todos iguais e irmãos, bem como que ocorrendo tais comportamentos por conta da nossa humanidade e imperfeições que são inerentes a todos nós indistintamente.
Daí então, vem aquelas perguntas, o que podemos fazer ou ser para tentarmos ser seres humanos melhores? Poderemos iniciar tentando ser pessoas doces...
Parafraseando a crônica do Dr. Danilo Fontenelle, juiz federal, quando diz que ser doce não é ser ingênuo, mas sim um exercício diário de maturidade e sabedoria.
As pessoas doces, seus atos inspiram, dão exemplos, mostram que é possível ser simplesmente bom e demonstram que a compaixão é como sementes que florescem nos corações de quem se dispões a pensar no outro.
Quando nos encontramos com essas pessoas, sentimos um calor reconfortante, como se abraçássemos a própria essência do amor e da bondade. Sua doçura se manifesta não apenas em palavras, mas também em gestos singelos e atitudes genuínas. São capazes de ouvir com atenção, oferecem ombro amigo e estende a mão sem hesitar, espalhando candura por onde quer que passem.
Aparentemente quem foi narcisista a vida inteira não o deixa de ser quando começa a sentir que os anos passam cada vez mais rápidos. A velhice torna-se então, ainda mais solitária e amarga, com rugas e doenças reclamando a presença de quem se afastou para preservar a própria dignidade. E o velho narciso vê-se sozinho no poço de lama que ele mesmo cavou.
Mas existem as pessoas doces.
São aquelas que souberam cultivar outros jardins. Suas auras emanam gentileza e compreensão; seus corações são fontes de empatia e mansuetude; seus olhares, ternos e pacientes, acompanham palavras suaves e meigas.
Geralmente enxergam além das aparências, compreendem as dores e alegrias que coabitam em nossos corações e orientam e apoiam quem precisa de alento e direção.
A doçura dessas pessoas transcendem o tempo, espaço, escolaridade, cargos, postos e comendas. Nada disso as impressionam ou seduz.
A simplicidade e compreensão também as acompanha. Valorizam os pequenos gestos, apreciam os esforços, reconhecem os empenhos, elogiam as tentativas e compreendem que todos estão tentando dar o melhor de si.
Essas pessoas também envelhecem, mas sentem o tempo de maneira diferente.
Os anos são de gratidão, as tardes são de visitas, os aniversários são de homenagens, a casa é sempre cheia e os jardins emanam a essência daqueles que ensinam as abelhas a fazerem mel.
Quando necessário, dizem as verdades que precisamos ouvir, mas o fazem com tanta meiguice e suavidade que aceitamos entrar dentro de nós mesmos e, com a luz emprestada, enfrentamos nossas sombras.
O que lhes interessa é a conexão de almas; é usarem a sensibilidade inata para entender aquela pessoa que está próxima; é ligar-se ao que move o interlocutor. Agindo assim, consegue, sem nenhum esforço, transformar os momentos mais simples em experiências memoráveis.
Ser doce não é ser ingênuo, mas sim um exercício diário de maturidade e sabedoria. É uma escolha consciente de enfrentar as adversidades com amor. Espalhando esperança mesmo em tempos sombrios. São as pessoas doces que lembram ao mundo que ainda há beleza em meio ao caos.
E assim a vida fica mais doce.
Quem sabe, se a gente se esforçar, também possa ser assim, um dia.
“A VIDA É UM INSTANTE ENTRE DUAS ETERNIDADES” (Santa Terezinha do Menino Jesus).
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Luiza Marlete Barros Barbosa, baturiteense do Putiú, Advogada Criminalista e Previdenciária, ex-Juíza Leiga do TJ-CE, ex-Professora Universitária, Aposentada, Pós-Graduada em Administração, Graduanda em Teologia e Missionária.